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Autárquicas em Campo Maior (1976-2009) - Análise de resultados da Assembleia Municipal

No dia 22 de Agosto publicámos o trabalho de análise sobre a evolução, as escolhas e as tendências do eleitorado campomaiorense ao longo dos vários atos eleitorais, desde 1976 em Campo Maior, centrados na eleição do Presidente da Câmara.
Hoje, tal como prometemos, damos lugar à publicação de um trabalho de análise semelhante, desta feita sobre a eleição da Assembleia Municipal.
Para uma melhor leitura do quadro ao lado, importa esclarecer que a Assembleia Municipal de Campo Maior é composta por 18 elementos, sendo 15 eleitos diretamente, aos quais se juntam os 3 presidentes das Juntas de Freguesia eleitos, que têm lugar por inerência neste órgão autárquico. Assim, na coluna MANDATOS, onde são indicados os números de mandatos, tais como, por exemplo: 4+1, 6+1, 7+2 ou 8+3, significa que o referido partido conseguiu eleger diretamente um número de elementos, aos quais se somam 1, 2 ou 3 presidentes de Junta de Freguesia eleitos pelo mesmo partido. Se somarmos todos os números verificamos que obtemos o total de 18 elementos. Esta situação só se verifica a partir do ano de 1985, ano a partir do qual o número de mandatos foi definitivamente fixado em 18, por força do Decreto-Lei nº 100/84, de 29 de Março.
Passando à análise dos dados, de acordo com o quadro, destaca-se o fato de o PS - Partido Socialista, ao contrário do que aconteceu para a Câmara Municipal, nas últimas eleições, realizadas em 2009, ter perdido a liderança da Assembleia Municipal. A hegemonia que se verificava desde 1976 foi quebrada pelo Movimento Independente “A Nossa Terra Campo Maior” (ANTCM), com Rui Pingo a conseguir ser eleito presidente daquele órgão autárquico. Curiosamente, como podemos ver no mesmo quadro, Rui Pingo foi eleito em quatro atos eleitorais (1997, 2001, 2005 e 2009), três pelo PS e em 2009 pelo ANTCM. Para as eleições de 29 de setembro próximo, Rui Pingo volta a candidatar-se à presidência da Assembleia Municipal, desta vez pelo MPT – Partido da Terra.
Da leitura dos gráficos aqui publicados em baixo, no período compreendido entre 1979 (ano em que obteve a maior votação de sempre) e 2001, salienta-se a quebra acentuada de votos do PS que volta a recuperar em 2005 e 2009. É também neste período que a abstenção mostra a tendência inversa com uma acentuada subida. Em termos percentuais, o PS regista também uma quebra gradual e, paradoxalmente, nos anos de 2005 e 2009, apesar de ter subido em número de votos, desceu em termos percentuais. Nesses mesmos anos, com o surgimento de Movimentos Independentes (que resultaram de cisões internas no Partido Socialista),o MICM e ANTCM, regista-se uma bipolarização do eleitorado, centrado no PS e nesses Movimentos Independentes. 

Simultaneamente regista-se uma quebra acentuada da CDU e do PSD que, nesse período (2005-2009), registam mínimos de votação históricos, quer em número de votos quer em termos percentuais, e com o Bloco de Esquerda, que foi estreante nestas eleições em Campo Maior, a registar um fraco resultado, com apenas 46 votos, equivalentes a 0,79%. 
Em termos de mandatos (elementos eleitos diretamente), pelo gráfico verifica-se que o PS se mantém regular desde 1979, confirmando a quebra de um membro eleito em 2005 e 2009, o que só tinha acontecido em 1993. Nas últimas eleições, em 2009, o PS elegeu diretamente o mesmo número de elementos que o Movimento ANTCM, sendo que este último acrescentou mais dois elementos devido a ter conquistado as duas Juntas de Freguesia Urbanas do concelho, S.João Baptista e Nª Srª da Expectação (conforme se pode ver no primeiro quadro), o que acabou por ter influência na eleição do presidente da Assembleia atual, Rui Pingo, pelo referido Movimento Independente.
Uma vez que neste tipo de eleições, as Autárquicas, os eleitores dispõem de três boletins de voto, para elegerem separadamente o Presidente da Câmara, o Presidente da Assembleia e o Presidente da sua Junta de Freguesia, na nossa análise fomos mais longe e comparámos a votação de cada partido obteve para a Câmara Municipal e para a Assembleia Municipal.
Curiosamente verifica-se que o PS, a força política que sempre tem ganho a Câmara Municipal, registou sempre menos votação para a Assembleia Municipal, à exceção do ano de 1993 (diferença apenas de 5 votos). Nesta mesma análise, a CDU e o PSD, apresentam resultados precisamente ao contrário, registando na maioria dos atos eleitorais mais votos conseguidos para a Assembleia Municipal do que para a Câmara. No que respeita aos Movimentos independentes, por terem surgido apenas uma vez cada um, não dispomos de elementos de comparação, no entanto, em 2005 o MICM registou a mesma tendência, com mais votos para a Assembleia Municipal do que para a Câmara. Já nas últimas autárquicas o Movimento ANTCM apresenta resultados inversos, ou seja, mais votos para a Câmara do que para a Assembleia, embora tenho conseguido conquistar a presidência da Assembleia Municipal, que ainda se encontra em funções.
Em conclusão, não deixa de ser interessante verificar estas variações, o que pode revelar a escolha personalizada dos eleitores que, através da maturidade política e democrática adquirida ao longo dos anos, conseguem personificar o seu voto, deixando de lado as cores partidárias. No próximo dia 29 de setembro iremos verificar se estas tendências se confirmam ou não. O eleitorado assim o dirá.
Os candidatos pelas várias forças políticas à Assembleia Municipal de Campo Maior são já conhecidos, no entanto publicamos aqui novamente o quadro com todos eles, numa ordem que respeita a ordenação dos partidos no boletim de voto, na sequência do sorteio efetuado para o efeito, no Tribunal da Comarca.
Os candidatos escolhidos para liderar as várias listas são: BE – Bloco de Esquerda, Joaquim Contradanças; PS – Partido Socialista, Pedro Murcela; CDU – Coligação Democrática Unitária, Paulo Ivo Almeida; MPT – Partido da Terra, Rui Pingo; PSD – Partido Social Democrata, Pedro Nabeiro. A relação completa, com o nome de todos os candidatos, dos vários partidos, irá também aqui ser publicada oportunamente.

Em próximas publicações iremos, da mesma forma, analisar os resultados das Eleições para cada uma das três Assembleias de Freguesia do concelho de Campo Maior.

Os dados que serviram de base para este trabalho de análise foram recolhidos junto do site da CNE-Comissão Nacional de Eleições, em www.cne.pt

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